mais cinco minutos, o flamengo perderia o jogo.
mais cinco minutos, perderíamos um jogo que estava 3 x 0.
em mais uma partida que entrará para o triste folklore rubro-negro de recentes libertadores, o clube de regatas do flamengo acaba de empatar com o olimpia do paraguay no engenhones. levando três gols nos últimos quinze minutos.
admito que me é impossível, no momento, tirar lições de moral definitivas a respeito dessa pequena tragédia. de toda forma, vamos ao reskaldo da noite...
terceira rodada da libertas-2012. o flamengo apareceu em campo com paulo victor para o gol; marcos gonzález e david braz na zaga, rafael galhardo pela direita, junior cesar pela esquerda; muralha e luiz antônio na cabeça de área, darío bottinelli e thomás mais à frente; ronaldinho gaúcho e vagner love pro ataque.
joel santana anunciou a escalação com dois dias de antecedência. sem misterinhos. sem pegadinhas.
desde a vitória no fla-flu de domingo, joel estava seguro do time, mesmo em meio a tantos desfalques, ou talvez exactamente por conta de tantos desfalques. de modo que essa confianza dele parece ter contagiado a equipe inteira. assim que a bola rolou, o flamengo partiu pra cima d'olimpia. fazendo valer o mando de campo. os paraguayos tentaram segurar o fla na base da p*rrada. mas logo o juizão distribuiu uns três cartões e eles tiveram de pegar mais leve.
chegaram com perigo à nossa meta numa cabezada que paulo victor pegou pelo rabo. mas, fora isso, seus ataques eram desconexos e irrelevantes. o flamengo controlava a pelota e tinha mais volume de juego. mas nos faltava um acerto naqueles passes finais. nos faltava um descortino na entrada da área que nos fizesse varar a retaguarda guarany. só bottinelli tentava chutar. numa dessas, ele fez que ia bater de longe, mas rolou pro love na frente da área. love deu uma deschavada e, entre três ou quatro marcadores, devolveu a bola na medida para bottis, já na cara do arqueiro, tocar bonito pro gol.
me pareceu um resultado justus. no fim do primeiro tempo, o gol do time que mais buscava jogo.
o flamengo voltou electric para a segunda etapa. logo no primeiro ataque tínhamos gaúcho e thomás entrando na área. love já estava por ali e bottis vinha fechando. ainda surgiu galhardo em velocidade pela direita. cinco camaradas armando fuzuê na área adversária.
durante meia hora vimos e vivemos o melhor flamengo em muito, muito tempo. love sofreu penalty e gaúcho bateu bonito. logo depois, luiz antonio veio com a bola desde nossa defesa, abriu para gaúcho na esquerda e recebeu de volta um passe vertical e pontiagudo. um passe tão belo que a luiz antonio só restou fazer o terceiro gol.
era como um sonho. o flamengo era como um sonho.
david braz estava soberano na entrada da área rubro-negra. com a companhia de gonzález, braz se apresentava como um beque valente, seguro de si, frio e impecável. muralha e luiz antonio dominavam a meia cancha de maneira tal que galhardo praticamente se tornara um ponta direita, e mesmo junior cesar subia ao ataque com constância. thomás, que tinha sido tímido demais na primeira etapa, ganhava fôlego e aparecia por todos os lados, ocupando os espaços entre gaúcho & bottis.
gaúcho & bottis distribundo as bolas com generosidade, sensibilidade, clarividência.
aí o zeballos guardou uma falta na meia-lua. nem tinha sido falta. mas tudo bem. olhei no relógio - trinta e um minutos da segunda etapa - e me pareceu até um gol bacana. para a gente não se deslumbrar (muito) com o futebol redondinho & vertiginoso que bafejara o flamengo esta noite. até comentei, espirituosamente, que joel santana também se deixara tocar pela fadinha boleyra. o joel tirou thomás para meter negueba. normalmente joel meteria maldonado nessas circunstâncias. para dar uma seguradinha. mas até joel santana parecia estar gostando daquele flamengo voraz...
acontece que eu fiquei aqui sonhando com o flamengo, um outro flamengo.
e joel santana também deve ter ficado sonhando ali na beira do campo.
e desconfio que todos os nossos jogadores devem ter ficado sonhando - juntos - com esse novo flamengo de glórias e conquistas mil.
só acordamos quando o caballero foi de facto um perfeito cavalheiro e chamou gonzález pra dançar. acordamos estupefactos com o gol de caballero. quarenta e um minutos do segundo tempo. logo em seguida, tão logo em seguida que até me pareceu ter sido no mesmo instante, o maxi goiabinha invadiu a ex-defesa do flamengo e rolou a bola para marin, entrando sozinho em nossa área, para chutar e marcar aquele gol que - todos nós - já dávamos por inevitável.
jamais esquecerei o olhar de desamparo nos rostos de rafael galhardo, paulo victor, muralha, neguebinha.
quinta-feira, 15 de março de 2012
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