quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

madureira 0 x 1 mengão (a chronicle)

o folklore do futebol é cheio de verdades absolutas.
uma das mais recorrentes é aquela de que os jogadores sempre se empenham mais na chegada de um novo chefe. talvez por isso o jogo desta noite tenha sido especialmente desalentador pra mim. quando o flamengo recebeu o madureira, quinta rodada da goanabara-2012, na volta de joel santana ao comando técnico do rubro-negro.
era evidente que os problemas específicos deste ou daquele jogador não seriam sanados por papai joel em um par de colectivos. assim como dois dias não bastariam para o tal novo chefe, quem quer que ele fosse, fazer notar seu precioso toque de midas táctico.
o que me chateia aqui nesta chronicle, portanto, é uma cousa de outra ordem. é o facto de este time do flamengo não ter alterado seu ânimo nem por um instante, um breve instante.
o time do flamengo, esta noite, foi aquele mesmo passivo, sonolento & displicente amontoado de jogadores. portou-se dentro de campo como se estivesse fazendo um grande favor em estar ali vestindo o nosso novo uniforme modelo 2012.
e, cá entre nós, depois de o luxemburgo ter sido posto pra correr da gávea daquele jeito, eu esperava que estes vagabundos ao menos pingassem umas gotinhas de suor em homenagem ao antagonista por eles derrotado, em deferência ao novo patrão ali presente - e num singelo aceno a nós, torcedores, como quem está a dizer que daqui pra frente tudo vai ser diferente... não foi isso que vi no engenhão.
o clube de regatas do flamengo adentrou o relvado com felipe ao gol; wellington e david braz na zaga, leonardo moura pela direita, junior cesar pela esquerda; maldonado e luiz antonio na cabeça de área, renato pelé e darío bottinelli mais à frente, ronaldinho gaúcho e deivid para o ataque.
a herança maldita do professor luxemburgo assim se refletindo numa escalação até surpreendentemente arejada para os padrões de joel santana. pois perceba que, na ausência de williams, pela primeira de muitas suspensões que ele ainda receberá nesta temporada, joel esteve a se decidir por começar jogando com maldonado ou com aírton. claro que muitos torcedores do mengo, já familiarizados com esses rapazes, preferiam ter o muralha na meiúca. mas diante da escolha que se apresentou - aírton ou maldonado - joel fez a opção pelo mais técnico, mais sutil. ainda que o experiente chileno não apresente mais o vigor físico que ele adora num volantão.
e foi isso, sabe? ter maldonado na cabeça de área foi meio que o ponto alto desta noite pra mim. pois assim que a bola começou a rolar, o madureira esteve mais desenxabido, armando jogadas de pé em pé sem ser incomodado pela marcação. o flamengo, quando estava sem a bola, dava bastante espaço pro maduras trabalhar e, ao mesmo tempo, quando algum de nós recuperava a pelota, os demais não se apresentavam, não se movimentavam.
o flamengo era então um time dividido em compartimentos estanques: a dupla de zaga plantada ali atrás, com maldonado perto deles, e o deivid lá na frente, distante de todos. pelé em paradeiro incerto. gaúcho e bottis esperandinho que a bola caísse em seus pés. e mais três homens - luiz antonio, leo moura e junior cesar - tentando fazer esse troço dar liga, correndo de lá pra cá, mais marcando o maduras do que propriamente armando jogadas.
e o bottis mais uma vez foi decepcionante. especialmente decepcionante. sempre a errar o passe decisivo.
tanto que o arqueiro do madureira fez uma única defesa em quarenta e cinco minutos. gaúcho, bottis e deivid tiveram boas oportunidades, mas nenhum deles conseguiu meter a bola naquele vão entre as traves. e o segundo tempo se arrastava bonito nesse esquema quando, por suerte nossa, azar o deles, nem foi preciso que a gente acertasse o pé. numa jogadinha de pelé pela esquerda, bola rasteira pra área, o beque do madureira meteu gol contra. coitado.
o placar era injustus. mas talvez aquela jogada mostrasse um dedinho de joel no intervalo. porque o gaúcho tinha voltado para a segunda etapa jogando mais pelo centro do campo, com pelé aberto dum lado e neguebinha aberto do outro. deivid deixado na altura da meia-lua. a entrada de negueba no lugar de bottis pode permitir esse tipo de variação táctica. e essa pode ser uma variação bem útil na hora de dar velocidade & sabor a um time lento & insosso.
pena que não pudemos tirar isso a limpo esta noite. pois logo que fez seu gol, logo que encontrou seu gol, o fla deu aqueles protokolares passinhos para trás e novamente entregou ao madureira a posse da bola e de alguns bons metros quadrados de gramado. faltando ainda meia hora de jogo, passamos a tentar viver de contraataques. contra o madureira. (repito: contra o madureira!)
ao menos não levamos sufoco, como tínhamos levado de olaria e botafogo nas rodadas anteriores. ao contrário... numa jogada de leonardo moura, um penalty desnecessário e a chance de fazermos o segundo gol assim de grátis. mas ronaldinho gaúcho, que simplesmente já nem treina mais, mandou a bola lá na casa das negas dele.
agora que vá buscá-la.