quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

lanus 1 x 1 mengão (a chronicle)

te dizer que teve um momento, meados da segunda etapa, que até me pareceu que papai joel ia se safar de mais essa. me pareceu que papai joel ia se dar bem. que ia conseguir voltar da argentina com uma vitória sem merecimento.
teríamos somado três pontos esta noite. três pontos importantes para a libertas-2012. três pontos arrancados fuera de casa.
três pontos ao invés deste solitário pontinho desmilinguido que trouxemos entre as cuecas sujas... mas, cá entre nós, no fundo todos saberíamos que teria sido a vitória da covardia.
joel chegou cheio de vento a buenos aires esta semana. prometendo um flamengo pra atacar. prometendo o que sabia que não iria cumprir. seu discurso caiu por terra rapidinho. e o flamengo que se viu diante do lanus, nesta estreia na libertas-2012, mais parecia um time pequeno, um time qualquer.
o clube de regatas do flamengo apresentou-se esta noite no estádio ciudad de lanus, la fortaleza, com felipe ao gol; wellington e david braz na zaga, leonardo moura pela direita, junior cesar pela esquerda; aírton e maldonado e williams e renato pelé no meio; ronaldinho gaúcho e deivid mais à frente.
ou seja, um time com quatro volantes e zero armadores. como era de se esperar, maldonado e aírton formaram um bloco com nossa always periclitante dupla de zaga, e de lá de trás eles quatro mal se mexiam. williams pela direita tentava se escorar em moura. pelé pela esquerda tentava se escorar em cesar. e bem lá longe, bem distante deles todos, tinha o gaúcho com a mãozinha na cintura. e ainda mais distante, a dois oceanos de distância, volta e meia enxergávamos deivid a encontrar novos amigos entre os zagueiros adversários.
o flamengo, na prática, renunciava à posse de bola e a deixava nos pés do lanus. e durante quarenta e cinco minutos, os argentinos se fartaram de perder gols. eles perderam gols das mais variadas formas & feitios. bolas altas, bolas rasteiras. tiros de longe, tiros à queima roupa de felipe. tabelinhas, jogadas ensaiadas. no lance mais assombroso da primeira etapa, o queridão wellington meteu sua chuteirinha nas fuças de um hermano. não foi penalty, mas quase. foi um tiro indireto dentro da área - e a bola estourou no travessón.
até que aos quarenta e cinco minutos, num raríssimo contraataque que conseguimos fazer passar do grande círculo, junior cesar caiu pela esquerda como se fosse ponteiro e de lá cruzou rasteirinho para dentro da área lanusiana. os dois beques se atrapalharam com a chegada de deivid e, numa trombada, deixaram que a pelota cruzasse toda a meta até encontrar leo moura descendo pela direita como se fosse ponteiro. gol de moura. belo gol.
gol que conduziu ambos os times aos vestiários sob um placar obviamente injustus - e de lá o flamengo sairia com a mesmíssima escalação. pois pense comigo: se joel santana montara esse time para empatar, e estava vencendo, por que mudar qualquer cousa, não é mesmo? e assim, pela segunda vez na noite, joel santana abdicou do ataque. abdicou de tomar a atitude em campo. abdicou de fazer com que o flamengo se portasse à altura de seu nome, de sua tradição.
voltamos com a mesma covardia, com a mesma inaptidão. no primeiro tempo, fora o gol de moura, surgido da terra quase por acaso, só tínhamos tido uma única chance clara de gol: uma violentíssima cobranza de falta do pelé lá do meio da rua. pois bem. no segundo tempo, repetiu-se essa total incompetência.
ronaldinho gaúcho, aparentemente sonado, não conseguia dar uma sequencia mínima às jogadas. ("parece que o flamengo está jogando com um a menos", disse leovegildo na globo.) e se não era o gaúcho a criar para o time, quem seria? leo moura até tentava, mas ele não dá conta de ser ao mesmo tempo o lateral e o armador do time.
o flamengo assim só foi chutar a gol com bottinelli, quando ele entrou nos últimos minutos. bottis deu dois chutes: o primeiro pra lua, o segundo nas mãos do arqueiro... mas àquela altura, o lanus já tinha empatado o jogo, num ríspido & veloz ataque pela direita, um ataque acontecido justamente quando o flamengo - e nós aqui - estava permitindo se acomodar. os caboclos passando por sobre junior cesar sem tomar conhecimento, rendendo nossa dupla de área e sem deixar que - desta vez - felipe pudesse esboçar reacção.
a torcida do lanus esteve a incendiar o estádio nesses últimos quinze minutos de jogo. deu pra ouvir mesmo aqui de longe. e talvez joel santana possa ter aprendido, diante desse alarido todo, uma ou duas cousinhas sobre como se deve jogar, como se deve encarar uma taça libertadores da amerika. ou talvez joel santana simplesmente já esteja velho demais, ultrapassado demais, burro demais para aprender qualquer cousa que seja.