terça-feira, 10 de janeiro de 2012

young at heart

durou menos de uma semana a participação do clube de regatas do flamengo a defender seu título na copa são paulo. três empates em seis dias nos custaram a vida no mais tradicional & midiático certame das categorias de base nacionais.
pode-se dizer que o primeiro jogo deixamos escapar no nervosismo, que o segundo a chuva nos carregou embora e que o terceiro, talvez nossa exibição menos porca, foi comprometido pela roleta russa da arbitragem. enfim. mais do que arranjar desculpas, acho que seria oportuno tentar entender por que não conseguimos vencer três adversários que, com todo o respeito, até por não estarmos em condição de faltar-lhes com o respeito, estão longe da elite dos grandes formadores de jogadores deste país: aquidauanense, união são joão & são carlos. oras.
há uma caracterítica peculiar em torneios assim, claro, que tem a ver com a idade e com o notável desequilíbrio que adolescentes - idade limite: dezoito anos - podem apresentar dentro de três jogos ou noventa minutos. o rapaz que arrebenta numa partida, some na outra. o primeiro tempo de um garoto é sublime, no outro ele cai exausto. no caso de lorran ontem: uma jogada espetakular pra gol no ataque, uma comida de bola e um penalty na defesa.
é do jogo. assim como um time de jovens fracassar em torneios de tiro curto como esta copinha-2012 também é do jogo. apenas chamo a atenção para o facto que esse é o terceiro fracasso seguido da petizada nos últimos seis, sete meses. na taça libertadores de juniores do ano passado, caímos fora levando goleada e dando vexame em campo. no campeonato brazileiro da categoria, não demos pro cheiro.
falta cabeza nessas horas de aperto. falta espírito pra molekada. e quando a cabeza pira e o espírito cansa, ficam notáveis as demais deficiências na formação de um jogador. assim...
e quando o bicho pegou fuerte, ontem na ciudad de são carlos, vimos um festival de bolas na trave, bolas pra fora, bolas chutadas com a kanela. não tenho aqui a estatistika da peleja inteira, mas o scout do primeiro tempo dava conta de apenas duas finalizções correctas na etapa - justamente os dois gols que marcamos: o primeiro deles, com muralha, quase sem querer; o segundo deles, num tiro de canto, numa cabezada do beque samir.
o flamengo voltou a campo pra segunda etapa com a simples missão de meter um gol. um golzito só. mas fomos incapazes. claro que o são carlos passou um ferrolho lá atrás e fez cêra o quanto pôde. mas só precisávamos fazer um gol. e mesmo assim todos os nossos melhores jogadores - muralha, lorran, thomás, adryan, yguinho, rafinha, matheus filho do bebeto e até o arqueiro caio que subiu pro ataque no minuto final - falharam miseravelmente na missão.
aí tu pegas o time de profissionais do flamengo. o mesmo que tem ronaldinho gaúcho & thiago neves (se é que ainda tem). e percebe que não temos atacantes que saibam fazer gol. assim como não temos defensores que saibam tirar bola n'área. assim como não temos meias armadores que de facto saibam armar. quando entram negueba, diego maurício ou próprio thomás, a torcida espera que eles dêem um calor e façam jogadas de efeito. porque meter gol não é bem a deles. como não era para bruno mezenga, vinicius pacheco, seiláquem. talvez o último rapaz formado na gávea que faça jus ao que se espera de um artilheiro tenha sido adriano imperatore. pense nisso.
a conquista da copinha-2011 foi um dos momentos de maior felicidade & orgulho que eu tive como rubro-negro. esta geração é realmente talentosa. basta tu ver os caras em campo. mas percebo que a eles todos falta ainda polir os fundamentos. são bons e bem poderiam ser ainda melhores. talvez dê tempo pra se aperfeiçoarem, teorikamente daria mas, diante deste inoportuno calendário do futebol profissional brazileiro, diante das necessidades prementes do time principal, será que vai dar tempo pra vagabundo aperfeiçoar fundamento?
é como se eles tivessem saído às pressas do time de juvenis para tapar burako nos profissionais. eles são como aquele jovem que sai do colégio sem ter estudado tudo o que precisa, sem nem saber direito o que quer da vida, para encarar o mercado de trabalho.
e não me parece que esse seja um problema apenas do clube de regatas do flamengo. olhe ao redor.