quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

real potosí 2 x 1 mengão (a chronicle)

te falar um troço aqui, meu camaradinha, hoje é dia vinte e cinco de janeiro. e a torcida do flamengo já está cansada desse time. cansada de ver o que funziona e o que não funziona, cansada de saber o que funziona e o que não funziona. há meses todos os envolvidos já sabemos quais os problemas deste time. há meses.
e nada muda.
o ataque continua inoperante. incapaz de dar mais de três ou quatro arremates a gol contra o real potosí na primeira etapa. incapaz de dar mais do que um - um único - arremate a gol contra o real potosí em toda a segunda etapa.
o time continua encralakado, sem criatividade e sem poder de reacção, refém daqueles mesmos tipinhos de sempre: williams, aírton, pelé, deivid. refém de uma bola parada do gaúcho, refém de um passe mágico do gaúcho. um passe que há quanto tempo mesmo não acontece mais, hein?
a defesa, ah, a defesa... nossa defesa continua levando gol de cabeça em qualquer bola alçada lá de longe, em qualquer bola alçada desde lá quase do meio de campo. levamos gol exactinho assim no primeiro tempo. levamos gol quase assim no segundo tempo. levamos dois gols - manjados - esta noite contra o real potosí - um time que não tinha mesmo outras armas além dessas - além de alçar uma bola alta na nossa área - um time que sequer precisou de ter outra arma além dessa para nos vencer. para nos vencer de virada. que agora sequer um empate conseguimos segurar.
o clube de regatas do flamengo hoje esteve em potosí para o jogo que era a flor de nossa obsessão desde o final do ano passado. o jogo da montanha. valendo vaga à libertadores-2012. cumprimos até dez dias de pré-temporada em sucre por conta do sensacional projecto libertas. nunca antes na história desse clube, etc.
o flamengo esta noite formou em potosí com felipe para o gol; wellington e david braz na zaga, leonardo moura pela direita, junior cesar pela esquerda; williams e aírton e luiz antônio e renato pelé no meio; ronaldinho gaúcho e devid para o ataque.
uma formação para a qual o professor luxemburgo disse ter se inspirado no 4-4-2 das equipes sul-americanas. bueno, deve ser por isso que ele nunca ganhou uma libertadores na vida, não é mesmo? ele tentou um arremedo de 4-4-2 com uma linha de meio de campo que tivesse williams na extrema direita e renato na extrema esquerda, mais aírton e antonio pelo centro. e blablablá.
uma pataquada que redundou em mais do mesmo: um time sem transição, sem chegada ao ataque, sem criatividade, sem armação de jogadas; um time com alguma marcação, com um tanto de correria; um time sem vibração, sem superação, sem transbordamento. um time sem alma.
ou seja, aquele mesmo velho flamengo. com renato sem tocar na bola. com williams sem acertar passes. com aírton sem sutileza alguma. e com um repertoire bem, bem pequeno. por isso foi uma grata surpresa quando o leo moura, de repente, apareceu na ponta, entrou na área potossiana e botou a becaiada pra dançar - cruzando bonitinho & rasteirinho pra menino luiz antonio fazer o gol.
moura nunca mais fez mais nada parecido com isso. luiz antonio bem que ainda tentou prolongar a magia, mas logo foi vencido pela mesma apatia que consumiu seus colegas. uma apatia que veio naquele golpe traiçoeiro - um minutinho após o gol - que foi o empate boliviano. uma falha de williams na marcação. da mesma maneira que david falharia no segundo gol, já no segundo tempo.
foi nesse segundo momento que a tal apatia flamenga virou um ostensivo desespero. luxemburgo ligeirinho meteu bottinelli e meteu negueba. ainda meteu camacho no finalzinho do jogo, faltando menos de cinco minutos - mas aí já era piada, aí já não era sério, né?
as alterações do professor não surtiram efeito porque mexer o time assim, numa mãozada, com a bola rolando e o adversário na frente, quase nunca dá certo. o desespero não é nosso melhor conselheiro. e luxemburgo é experiente demais para não saber disso.
não dá pra levar a sério um caboclo que meta camacho faltando menos de cinco minutos. e daí espere qualquer cousa. não dá pra levar a sério um caboclo que veja o renato pelé noventa minutos em campo sem fazer nada, há meses e meses e meses.
- e, sim, potosí fica a quatro mil metros de altitude - mas e daí?