depois de pular karnaval por três dias, caboclo teve de correr até os cincoenta e dois do segundo tempo para conseguir bater o bangu. no placar desta noite ficou registrado um tanto da alma flamenga.
e te digo o seguinte, sem pudor algum em transbordar d'emossão: a vitória desta noite periga ter sido a mais importante vitória do flamengo na temporada.
se não por contigências de tabela & classificação, certamente por necessidade de postura & afirmação. já campeão da taça goanabara-2011, o flamengo meteu o pé, o coração e o espírito em campo até detonar o querido bangu numa ressakenta noite chuvosa de quinta-feira em macaé. uma delirante aventura, pela segunda & humilde rodada da taça rio-2011.
este flamengo deu um murro na mesa e enfim disse o que dele se esperava: vamos ganhar a p*rra da taça rio também. turno & returno, amiguinhos, turno & returno. agora pode vir o fluminense. agora estamos prontos para carimbar sua faixa.
o clube de regatas do flamengo formou agorinha há pouco no moacyrzão com felipe no gol; wellington e ronaldo angelim na zaga, leonardo moura na direita, egídio na esquerda; maldonado e williams na cabeça de área, darío bottinelli e renato pelé e thiago neves no meio; ronaldinho gaúcho na frente.
e o mengo iniciou a peleja à toda velocidade. como que para provar que aguentaria pular mais uma semana de karnaval. moura, um de nossos mais renomados foliões, era justamente o caboclo voando baixo, a incendiar a bagaceira. transtornava a defesa deles, em particular o pobre lateral esquerdo, tirado para bailar por três ou quatro músicas seguidas.
mas faltava ao feérico mengão o poder de conclusão. logo o bangu se apercebeu disso e conseguiu ficar de pé em campo e passar - ele também - a aprontar das suas. pipico agitava nossa retaguarda. um auê tamanho que até chover, choveu. uma baita tempestade de verão que chegou e foi embora em cinco minutos. um auê tamanho que djalma beltrame resolveu aparecer - ele também - nesse fulgurante espectaculo, por que não?
nosso velho conhecido beltrame é, vamos dizer, um juiz bastante idiossincrático. esta noite, ele marcou apenas o que quis, quando quis. moura partiu para dentro da área bangu, em mais uma das suas, e foi trombado. beltrame marcou penalty. não foi. gaúcho bateu. isso durou dois minutos. porque pipico partiu para dentro da área flamenga, em mais uma das suas, e foi trombado. beltrame marcou penalty. não foi. pipico bateu.
pouco depois moura caiu novamente na área bangu. beltrame deixou quieto. estava dada a moral da partida. beltrame marcaria apenas o que quisesse, quando quisesse. talvez por isso, talvez por tão vulgar amostra de poder arbitral, ambas as equipes recolheram suas asinhas e terminaram o período num futebas chocho, chumbreguíssimo.
a torcida flamenga entrou numas de vaiar o bottinelli. sem nenhuma razão específica, pelo que me parece, talvez por ele ser argentino? sei lá. o povo queria negueba em campo e, para tanto, pôs-se a vaiar o gringo ainda no primeiro tempo. pelo que me cabe, poderiam ter vaiado também o neves ou o pelé ou mesmo o gaúcho - nenhum deles estava exactamete bem na parada.
o povo pedia negueba. entraram fierro e diego maurício. saíram william (?) e moura (??), os dois que tinham levado amarelo. bueno, acho que o lux, macaco velho, percebeu que beltrame estava num mood insane. e ele quis se garantir pro fla-flu desde já.
quando, minutos mais tarde, entrou wanderley no lugar de bottis, a torcida aquietou e o clube de regatas do flamengo já era totalmente outra equipe em relação àquela que iniciara a peleja... a saber: felipe no gol; wellington e angelim na zaga, fierro na direita, egídio na esquerda; maldonado na cabeça de área, neves e pelé no meio; maurício e wanderley e gaúcho na frente.
não sei quantas vezes o lux tinha treinado o fla assim desse jeito, provavelmente nenhuma, e as cousas demoraram um bocado mais do que deveriam até um trozo qualquer acontecer. a ausência do motor moura foi muito sentida. fierro já provara, desde os dias de cuca, não ter pique pra ser lateral. maldonado também não tem mais aquele pique todo para ser o único volante e ainda sair jogando.
foi então que egídio - justo quem, o improvável egídio - chamou para si a responsa e tornou-se a válvula de escape de nossa equipe. nunca antes na história deste país um sujeito correu tanto num campo de futebol quanto o egídio esta noite. verdade que egídio não sabe cruzar, não sabe chutar, mal sabe passar a pelota. mas isso é de sua natureza e, convenhamos, foge a seu controle. no que pôde e, mais um tanto no que não pôde, egídio matou-se em campo. repetidas vezes. tão contagiante era o suplício egidiano que terminou por contaminar todo o time. todo. a começar por senhor gaúcho e doutor neves, mais afeitos a jogadinhas de efeito, eles se lançavam ao ataque em arroubos de emossão. como se estivessem percorrendo a marquês de sapucahy carregando nos brazos a rainha da bateria.
claro que, no estupor ofensivo, a retaguarda flamenga ficava ao deus dará. quando maldonado trombou em pipico, já esperava beltrame dar o que quisesse. mas, amiguinhos, àquela altura do confronto - quarenta e quatro do segundo tempo - nem beltrame teria a petulância de atravessar o samba. por isso - aos cincoenta do segundo tempo - não me surpreendi quando a bola que veio do córner de thiago neves encontrou as trancinhas de drogbinha na pequena área e dali avolumou-se no barbante. não me surpreendi com o gol de maurício, não:
este jogo só terminaria quando a bola entrasse.
quinta-feira, 10 de março de 2011
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