domingo, 31 de janeiro de 2010

fluminense 3 x 5 mengão (a chronicle)

e eis que, em meio à mediokridade geral desta goanabara-2010, surge um fla-flu de pura emossão.
marakas apinhado. dois times com a faca nos dentes.
muitos gols. muito terror. pega pra capar.
toda a raça, toda a mística, toda a superação de um time, de um povo chamado flamengo.
está aberta a temporada 2010 do futebol brazileiro.
o clube de regatas do flamengo entrou com bruno zousa no gol, álvaro e angelim no miolo de área, fierro acavalado pela direita, juan maldonado na canhota, mais torozinho e fernando goyas no meio, kleberson pela meia-direita, petkovic pela meia-esquerda, adriano e vagner love à frente.
mal sabiam eles, incautos atletas, o que os esperava na próxima hora e meia.
porém rubro-negro algum pôde se dizer surpreendido pela sangria de gols promovida pela sanha do ataque fluminensista no primeiro ato deste indelével espectaculo futebolistiko.
cá entre nós, confiar como numa defesa que levou dois do americano de campos, dois do duque de caxias?...
mesmo assim, te admito que eu não estava preparado para uma exibição tão desastrosa de nossa retaguarda (ou "sistema defensivo", como preferem andrade e angelim).
fierro, em particular, foi permanente desastre enquanto esteve ali à direita. o lateral julio cesar e, principalmente, o atacante maicon passavam pelo chileno sem cerimônia alguma, engatando velocidade em cima do pesado fierro. álvaro e angelim também foram facilmente envolvidos pela movimentação de maicon e do centroavante alan, que se mexe bem mais do que o titular fred.
(para variar, fred deu aquela amareladinha clássica e deixou o trabalho pesado nas mãos da molekada tricolor).
todo esse aspecto ruinoso da defesa do flamengo se expôs em metástase após o gol de alan. o primeiro da noite. diguinho (!?) deu um passe preciso, fazendo a pelota furar o bololô na entrada de nossa área e chegar à feição prum chute de primeira de alan. angelim errou na linha-burra.
até esse momento, catorze minutos, o flamengo jogava leve e atrevido. era um embate franco, com love e adriano alternando escapadas e levando perigo aos três beques do time de cuca & conca. logo no primeiro chute do flu, o gol, e o desabamento da segurança flamenguista. o time passou a tocar a bola nervoso, a bola mal chegando a pet-adriano-love. bruno zousa pateticamente a tentar ligações diretas em chutões pra frente.
cenário desalentador quando, numa trombada entre angelim e alan, o juizão marcelo de lima henrique inventou penalty mandrake. pouco depois, tão mandrake é esse sujeito lima henrique, ele apitou feliz penalty claro de diguinho no juan. imperatore 1 x 2.
mui breve suspirar. um par de minutos mais tarde, um prosaiko escanteio de conca demonstrou friamente a zona que é a defesa do fla. bruno zousa ficou parado debaixo das traves enquanto os beques batiam cabeza e a bola entrava faceira, faceira.
três gols em quarenta e cinco minutos. nosso dois beques com amarelos nas costas. olha que ficou barato.
e o andrade resolveu manter fierro para a segunda etapa. medo.
pets e fernando, figuras apagadas, deram vez a vinicius pacheco e williams. tu poderias não suspeitar, mas assim andrade estava a armar seu xeque-mate. kleberson foi pra canhota e deixou a direita livre pro williams.
a única saída do fla para evitar uma sapekada no estilo botafogo era baixar o facho, acalmar os nervosos, tocar a bola com um mínimo de cooleza. e ao mesmo tempo, imprimir marcação forte até tirar suco do timeco das laranjeiras. se partisse pro pau, acelerando o ritmo, era certo que o baile seguiria.
trés cool. vinicius pacheco, depois de troca de passes, chutou rasteirinho e viu a pelota bater lá no pé da trave. instantes mais tarde, williams mandou a bola para dentro da área e, no bate-rebate de adriano imperatore entre três marcadores, love empurrou pra dentro com muito amor & carinho. sete do segundo tempo.
por favor, guarde este nome: vinicius pacheco.
foi pacheco quem caiu pra ponta direita, comeu pra dentro da área e centrou bonito. a bola ainda desviou num oponente antes de kleberson, acertando o corpo pra corrigir esse desvio de balística, emendar de primeira no canto. oito do segundo tempo.
era a vez do fluminense se mostrar não tão f*dão assim.
bem... se o fluzones não levara gol algum até a quinta rodada da goanabara... pronto: ahora levara dois em sessenta segundos.
molezinha, nã? álvaro resolveu dar uma equilibrada na bagaceira. sentou-lhe um coice no alan em pleno meio-campo. ganhou de lembranza um vermelho pra combinar com o amarelo que já tinha. e andrade aproveitou para, enfim, mandar fierro fazer companhia a álvaro no chuveiro. andrade meteu o garoto david na zaga e teve de recuar o williams, que vinha assombrando a rapaziada.
pois foi justinho quando o cuca resolveu ser heroi. tirou um dos três zagueiros pra meter um terceiro atacante.
na jogada seguinte...
vagner love correu feito um condenado partindo depois de um lançamento de torozinho, the loverman a puxar contra-ataque e se meter entre três marcadores, abrir correndinho pra direita, donde vinicius pacheco pôde cruzar gostoso a pelotinha grande área adentro até que ela encontrasse adriano num momento majestádico.
adriano é um generoso imperatore. ainda fez um último golzinho, só para esta torcida voltar feliz pra casa. adriano, aos quarenta e poucos, desfilou sossegadamente por todo o campo de ataque. ainda olhou pro lado, para ver se o bandeirinha não estava a fazer bobagem. ainda olhou pra trás, para tentar achar onde estavam os dois últimos zagueiros do fluminense.
estavam todos a aplaudir o clube de regatas do flamengo.
cinco gols. virada histórica no que era pra ser um clássico de meia-tigela e perigou se tornar um vexame desnecessário.
apenas dez homens em campo. missão cumprida. a honra intacta.