sábado, 23 de janeiro de 2010

bangu 1 x 2 mengão (a chronicle)

foram oito minutos. não mais que isso. oito minutos de futebol ofensivo, intenso, vibrante.
oito minutos de quase poesia.
nesse meio tempo, curtinho numa longa peleja de hora e meia, o mengão transcendeu a raça particular de seus valorosos jogadores e se permitiu sonhar com algo maior, algo melhor e mais bonito do que o nosso prosaiko futebolzinho de todo dia.
oito minutos. um tempo bastante útil quando adriano imperatore e vagner love estão juntos, procurando um pelo outro, procurando a pelota, encantando e encantando-se mutuamente. nesses oito minutos, love fez gol, imperatore meteu duas bolas no travessão e o nosso loverman ainda mandou um chute a dois palmos da trave. pobre bangu.
mas saiba que a estreia de vagner love no flamengo foi quase um não-acontecimento.
não foi num dia nobre, um domingo de sol, mas num sábado meio chocho. e não foi no marakas, lar do time mais querido do brazil, mas no engenhão. um estádio sem graça e sem tesão, como que por definição. e nem mesmo nossa nação conseguiu encher o vazião que toma conta das arquibancadas do estádio suburbano. e muito menos a estreia se deu num certame de grande emossão. aconteceu na terceira rodada da taça goanabara-2010. contra o bangu.
enfim, só mesmo o amor pela camisa para justificar aquela espoleta que foi vagner love durante o primeiro tempo do embate desta tarde. o rapaz entrou ventando, balançando as trancinhas rubro-negras. pro primeiro gol, num rebote do arqueiro, love vazou pela pequena área tal qual a flecha de cupido. reboteou a pelota e perdeu o cabaço. pulou a placa de publicidade e foi ter com a moçada.
até esse gol, o bangu dava lá seu sufoquito no flamengo.
o time de andrade, pela primeira vez na temporada, tinha em sua formação mais titulares do que suplentes. bruno zousa no gol, álvaro e angelim no miolo, leo moura de volta à direita, everton silva ainda torto na canhota. juanzinho curtindo ganchinho. williams ainda machucado. na cabeça de área, fernando goyas e torozinho, mais kleberson na meiúca e o garoto vinicius pacheco esquentando o posto de dejan petkovic.
na frente, já sabemos, a estreia da dupla adriano & loverman.
fernando goyas deu um belo drible e chutou forte, seco, rasteiro, obrigando o arqueiro a soltar a bola diante de love. e gol. depois disso, por oito minutos de bola rolando, o mengo se lançou numa blitz de dar gosto. pacheco era um azougue: pela direita, pela esquerda, por dentro da área. (ele que já tinha sofrido um penalty não-marcado quando ainda estava zero-a-zero.) adriano fuzilou o travessão num bate-pronto de fazer o arco tremer. no lance seguinte, adriano quis levar na manha, encobriu o goleirão numa parábola e de novo a pelota estalou no travessão. no que a bola voltou a seu campo de ação, adriano rolou pra love dar um cruzado tinindo que fez a trave afinar. de tão rente que passou. o climax.
e o time então aquietou, tocou a redonda macio. até love, aos quarenta e três, dar uma arrancada em pura tesão, após ver a pelota respingar no cucuruto de adriano. o arrojado love, meio que errando um drible, lutando com o gramado, tabelou com o glúteo do goleiro, mas teve pudores de entrar com bola e tudjo.
(o gramado. quando escrevi "gramado" no parágrafo acima, foi modo de dizer. termo meramente ilustrativo e figurado. o engenhones está um capinzal. meus parabéns ao cesar maia e ao seu estimado botafogo de futebol e regatas, dando aula de como administrar um bem publiko.)
e foi isso. não dava pra querer muito mais num janeiro safado como este.
o time cansou. mal se equilibrou sobre as pernas na segunda etapa. e teve que tirar o pé porque, ainda no final do primeiro tempo, nosso juiz amiguinho inventou um penalty covarde, que o craque naniko tiano cobrou com categoria ímpar. después, nem mesmo a esperada entrada de pets devolveu ao espectaculo seu fulgor daqueles tais oito minutos de euforia da etapa inicial.
e o bangu só não empatou porque, tu sabes, é o bangu.
bueno. não é muito. oito minutos em noventa. mas, como é verão, a gente pode se permitir sonhar com um futebol que reluza ali adiante. na toada de matreiros como pet, e de guris como pacheco. com o charme de adriano, o imperatore desta nação. com o ímpeto de vagner love, o artilheiro do amor rubro-negro.