que se dane a taça goanabara.
perceba o seguinte: no ano passado, a gente perdeu pro rezende.
pelo menos, desta vez, todo mundo curtiu o carnaval e tal.
e, agora que já está muito bem pago o mico obrigatório de todos os estaduais, vale dizer mais uma coisinha... o jogo desta noite, a patética semifinal contra o botafogo, acabou por se revelar o mais importante acontecimento deste ano rubro-negro até o presente momento.
porque num só espectaculo de noventa minutos ficaram bem claras todas as falhas e distorções deste time. problemas que já tinham sido percebidos aqui e ali, isoladamente, nos jogos contra os times amadores do rio de janeiro.
agora todos apareceram juntos em desoladora desarmonia.
o caráter educativo desta peleja, então, não deveria ser apagado pela frase clássica de todo boleiro que leva um sacode pra casa: "este é um jogo para esquecer". pois bem, te digo eu, recorrendo ao meu mais polido palavreado para esta ocasião, esqueça o que aconteceu aqui e estarás condenado a repetir as mesmas c*gadas. ouse esquecer.
vamos lá... o clube de regatas do flamengo subiu ao marakas para esta infame noite com bruno zousa no gol, álvaro e angelim na zaga, leo moura e juan maldonado nas laterais, toró na cabeça de área, williams e kleberson e vinicius pacheco compondo o meio, adriano imperador e vagner love como avantes.
em dois minutos de jogo, contados no relógio, já ficaram claras três falhas graves e recorrentes ao time. assim: um caboclo desceu pela ponta direita e, sem ser molestado, cruzou a pelota pelo alto para dentro da área flamenga. a bola encobriu os beques, pingou no chão e foi tirada dali de qualquer jeito. tão de qualquer jeito que ela logo caiu nos pés de outro botafoguense e então torozinho entrou rachando no sujeito. levou amarelo.
o volante da equipe receber amarelo em dois minutos é a ponta final de toda a ruína defensiva. juan maldonado nunca foi um primor de marcação, por causa dele e de leo moura, o fla jogou anos num amarrado 3-5-2. no novo esquema de andrade, juan e leo precisam ser marcadores. mas eles não sabem fazer isso. se um dia souberam, há muito já esqueceram. são omissos, desatentos. parece que dão pouco caso. juan, no segundo tempo, armou um contra-ataque ao tentar sair pelo meio com um toquinho de lado de pé. e leo, no segundo tempo também, chegou a pisar na bola e cair de b*nda na grama ao tentar interceptar uma jogada.
durante todo o carnaval foi comentada a bola aérea do botafogo. era rigorosamente a única arma dos caras. e não só uma pelota já cruzava nossa cozinha em menos de dois minutos de jogo, como os dois gols do botafogo vieram de bolas assim. os dois gols nasceram de, para começar, marcação frouxa e estabanada nas laterais e, em seguida, posicionamento ruim dentro da área.
o primeiro gol nasceu de bola parada depois de falta tola de williams. meteram por cima, loco abreu subiu marcado por dois homens e cabeceou para herrera mandar de voleio, bruno pegar no susto, marcelo cordeiro surgir livre no rebote. o segundo gol nasceu de bola parada depois de falta tola de juan. meteram por cima, a pelota caiu pouco adiante do segundo pau, foi rebatida meio de canela por um atacante, ficou zanzando na bica da pequena área até sobrar para o garoto caio chutar.
de modo que de muito pouco, de nada mesmo, adiantou ao flamengo ter domínio tático, segurar a bola, tocar o jogo inteiro, ocupar mais espaços e executar mais ações ofensivas. em duas bolas os camaradas derrubaram tudo.
vagner love e adriano imperador foram reféns da retranca de joel santana, emparedados entre três beques, dois laterais e dois volantes. caberia, então, aos jogadores de meio-campo se aproximarem e executarem tabelas, linhas de passe e evoluções para quebrar a defesa. acontece que toró não sabe armar as jogadas. bola no pé dele é bola sem futuro. um homem a menos para fazer isso nesse setor. o williams tem disposição para correr e se mexer, mas não tem a habilidade do drible, do cruzamento, do chute a gol, da jogada imprevista. o kleberson pode até ter certa habilidade, mas a ele falta a mesma disposição de williams. kleberson é jogador de passar longos minutos sem ser notado em campo. insuperável na técnica de chegar agora onde a bola já não mais está. (d*nga nem deve desconfiar disso, ajudaria se ele visse jogos do flamengo.) e os laterais sempre fecham pelo meio, embolando por ali, deixando as pontas desocupadas, deixando a linha de fundo esquecida.
ou seja... restava vinicius pacheco. não por acaso foi dele o gol do flamengo, abrindo o placar. pacheco finalizando uma jogada que ele mesmo criou, na marra, ao partir com a bola para cima dos caras, tabelar com love meio que na sorte, e chutar frente a frente com o arqueiro. gol bonito, gol chorado. gol de vontade. gol de raça.
pacheco, mais uma vez, era o respirar do time, o pulsar do time. mas então andrade, no segundo tempo, teve seu momento de caio junior. imperdoável o que fez andrade. para botar petkovic em campo, ele tinha que tirar alguém. e decidiu tirar aquele que lhe daria menos trabalho depois. tirou pacheco. justamente o melhor em campo. porque era o que mais se movimentava, buscava fugir da marcação, buscava as duas pontas, pedia a bola, etc... leo, juan, kleberson eram só toquinho pro lado.
enfim. andrade, que sempre conserta o time, sempre faz a equipe voltar melhor para a segunda etapa, desta vez foi tragado pela mediokridade geral. o time foi mole no primeiro tempo e ainda pior depois do intervalo. e quero te dizer que me dá uma aflição profunda saber que, aos quarenta do segundo tempo, quando enfim andrade tirou kleberson de campo, ele colocou o fierro.
bueno, se o fierro for realmente a esperanza rubro-negra de reação aos quarenta do segundo tempo...
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
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