quarta-feira, 12 de maio de 2010

mengão 2 x 3 universidad de chile (a chronicle)

o diabo de ir levando com a barriga, ir contando com a sorte, é que chega uma hora em que a barriga já não dá mais conta - e a sorte falha.
o clube de regatas do flamengo, convenhamos, foi longe demais nesta taça libertadores da amerika-2010. deu seguidas demonstrações de ter atingido seu limite.
se os dois compromissos pela primeira fase puderam deixar dúvidas, o terceiro encontro com o universidad de chile, há pouco, no marakas, deve ter servido para fechar questão. de minha parte, meu brother, devo te dizer que arreguei. solenemente arreguei.
perder para os universitários por 2 x 3 jogando dentro de casa pode, vá lá, não significar de imediato o fracasso na segunda partida, fora de casa. mas espiemos os resultados colhidos na primeira fase do certame. como vencer agora por dois gols de diferenza, em santiago do chile, um time que já nos derrotou por lá (1 x 2) e que depois empatou no rio (2 x 2) em pelejas que, se não nos dominou amplamente, tão pouco teve o correr das partidas a lhe escapar das mãos? e mais do que isso... é esse futebolzinho opaco e mediokre que o flamengo apresenta - no karioca, na libertas, no brazileiro - não importa quem seja o adversário - que não nos autoriza a pensar em sobrevida.
ah.... mas tão ou mais improvável que bater os universitários, na próxima quarta-feira, já tinha sido, há um par de semanas, eliminarmos o corinthians paulista. no entanto, eliminamos. por isso entendo que o sonho continue para os mais emperdenidos de nós, flamenguistas. que continuem a sonhar. é belo o sonhar. queria eu ter essa vocação.
la realidad. a ver o time que rogério mandou em campo esta noite. bruno zousa no gol, david e angelim na zaga, rômulo por ali, leonardo moura na direita, juan maldonado na esquerda, maldonado e williams no meio, kleberson (aquele da seleção) como armandinho, vagner love e adriano imperatore na frente.
lê-se essa escalação e se conclui: aqui está um time sem alternativas, sem armação de jogadas, sem criatividade em seu meio-campo. some-se a isso o treinador uruguayo jorge pelusso a meter um atacante universitário às costas de moura e outro às costas de juan, prendendo os laterais, para se ter a curto prazo a débaclé do rubro-negro.
ainda mais se o time já começa seu jogo - diante de sua própria torcida - marakas lotado - com a bola a queimar-lhe nos pés. não se viu o flamengo armar uma única jogada até o placar constar em 0 x 2 para os visitantes. rômulo errando uma saída de bola no meio-campo e permitindo contra-ataque chileno aos dois minutos de jogo. escanteio pela nossa esquerda, williams passa pela bola, david espana pro lado errado e já estamos com 0 x 1 no terceiro minuto de jogo. então uma bola parada, cruzamento para a área, bruno zousa hesitante para dividir no ar com o adversário, todos os demais flamenguistas plantados na grama, 0 x 2 em pouco mais de vinte minutos.
só então rogério se apercebeu que, com aquele time inseguro acovardado nervoso, o brejo estava próximo. tarde demais, se me perguntares. sacou o rômulo sem medo de queimar o menino, com a autoridade de ter sido ele, rogério, quem o recuperou do ostracismo. mas de que adianta tirar o rômulo e meter o michael?
quando precisou se defender, o flamengo foi incompetente.
quando precisou marcar gols, o flamengo também foi incompetente.
a impressão que tive é que só pressionamos os universitários no campo deles quando eles o permitiram. nosso time foi acordando aos poucos, atacando cada vez mais e um gol de adriano chegou a das esperanzas, no final do primeiro tempo. esperanzas curtinhas pois, em outro contra, no comecinho da etapa final, nossos conhecidos universitários fizeram 1 x 3 sem dificuldades e mostraram que, mesmo com o gol de adriano, ainda estava tudo sob controle (para eles).
já tínhamos voltado para o segundo tempo com petkovic no lugar de maldonado e os universitários com um caboclo a menos.
éramos um time que entrou em campo com três beques e três volantes para, na iminência do naufrágio, se ver com dois beques, um único volante e dois supostos armadores... e sem que niguém tivesse exactamente noção do que deveria fazer e quando deveria fazer. o mais inútil e cansativo desespero. a figura triste de um velho pets descabelado e arquejando em campo, mãos nos joelhos, sem fôlego algum após disputar apenas quarenta e cinco minutos de uma partida de noventa, dando a real dimensão de nosso fim da linha.
a encarnação do desalento.
depois de inúmeras tentativas e dos mais diversos erros de todos, practicamente todos flamenguistas em campo, eis que juan maldonado achou um gol no finalzinho. cortesia do bom aqueiro pinto. mas, antes de ser a redentora trombeta a anunciar uma reação historika para a semana que vem, esse golzinho de juan maldonado me pareceu o suspiro final de um moribundo.
no one here gets out alive, já dizia o poeta.