com o mengão é sempre mais emossão. me mata, me maltrata, me arrebata.
até a mais prosaica & previsível conquista se transforma em façanha épica & imorredoura. um transbordamento a transfigurar atletas & torcedores. a tomar como exemplo, como não?, a peleja desta noite. um novo encontro entre flamengo e corinthians paulista, mais um, algo que se tornou até corriqueiro nesses últimos dias. mas, desta vez, valendo o título do campeonato brazileiro de showbol.
os veteranos do corinthians chegando a essa final, disputada há pouco no ginásio municipal de volta redonda, sob a chancela de melhor campanha do certame. mais o recente título do torneio rio-são paulo de showbol. um currículo de respeito para os desafiantes do mengão. credenciais a adornarem figuras de segundo plano no desporto nacional, mas ainda assim mui queridas pelos gambás: viola, dinei & paulo sérgio, esse tipo de gente.
bons desafiantes. porém, não mais que isso. nada que pudesse intimidar o cascudo flamengo que, para defender o cinturão conquistado na temporada passada, mais uma vez contava com djalminha, gélson baresi & piá, entre outros egressos da refinada escola flamenga de ludopédio. fina flor.
assim que a pelota rolou no gramado sintético da alambrada arena, ficou patente a superioridade rubro-negra nos aspectos técnico, tático, físico, intelectual e emocional. sem muito pensar, num ritmo de dois pra cá e dois pra lá, o esquadrão foi abrindo folgada vantagem no marcador. tranquilidade tamanha que fez passar despercebida a ausência do lendário júnior baiano, figura proeminente da equipe.
jota baiano só foi chegar à praça desportiva com a partida já começada. xerifão dos bons, bastou ele vestir o uniforme e polir a estrela do peito para sacar do jogo o pobre emerson, que vinha apanhando da bola. o velho baiano entrou na defesa do time, ao lado de andré cruz. a essa altura o placar contava algo tipo 3 x 1, 4 x 1 para o mengo. não importava a matematika. o baile rolava solto.
mas, finalzinho da etapa inicial, jota baiano tratou de agitar a bagaça. tipo fez um penalty e um gol contra. um gol contra de letra, com a canhota, te digo que nunka tinha visto algo semelhante na vida. de tal modo que, de lambança em lambança, saímos pro intervalo com o placar empatado.
a etapa complementar começou com jota baiano estrategicamente sentado no banco. o craque e artilheiro djalminha ditando o ritmo em campo, parecia que tudo se acertaria novamente. mas os briosos gambás não se intimidaram diante de nossos heróis pançudinhos, nem diante dessa imensa torcida que abarrotava todas as dependências do ginásio. os camaradas - viola a tocar o terror - viraram o jogo facinho. e nós suamos para empatar. o marcador apontava 6 x 6 faltando um minuto de bola corrida para o fim do duelo. parecia que a prorrogação seria o insalubre purgatório de nossas almas... e eis que, relógio em queda vertiginosa, jota baiano mais uma vez se faz notar. penalty. viola bate com ginga, malícia, uma p*rrada sem chances para o nosso baita arqueiro robertinho. nusfu.
mas, tal qual o basquetebol estadunidense, o showbol só termina quando acaba. andré cruz, nosso kobe bryant, soltou uma bicanca lá do meio da cancha, a bola estourou no paredão, rente à meta alvinegra, e dali bateu nas costas do goleiro dagoberto, que pulara em sua direcção. a marota pelota batendo nas costas do goleiro alvinegro - do you remember carlos? - e sobrando, rente à linha fatal, para djalminha, nosso lebron james, tocar para dentro com respeito, fineza, elegância, cavalheirismo e gentileza. uh.
novo empate. 7 x 7. e aí, sim, the very prorrogation time.
bueno, camaradinhas, imaginem então o ânimo de nossos amiguinhos, os gambás, depois de terem levado um gol do mengones faltando cousa do tipo sete segundinhos para que soasse em seus ouvidos a doce e estridente sirene do título inédito (sic). ah. e isso, crueldade, pouco mais de trinta segundos depois de eles próprios terem feito seu gol do título (sic). gol esse que só foi possível graças a um penalty tolo cometido pelo doido baiano... sacou?
depois de tamanha inversão de expectativas, natural que o flamengo fizesse protocolares 2 x 0 na prorrogas e, assim, levantasse o kaneco uma vez mais. placar final: 9 x 7 pro mengão bicampeão.
(ps. jota baiano após o jogo... Peguei trânsito, cheguei atrasado à partida e ainda cometi dois pênaltis. Mas, mesmo depois do que aconteceu, tenho que comemorar. Não vou nem mais pegar no carro. Agora é a patroa que vai dirigindo pra casa... cativante baiano!)
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