quarta-feira, 21 de abril de 2010

mengão 3 x 2 caracas (a chronicle)

talvez o mais tragiko & patetiko deste naufrágio do flamengo seja tu perceberes que, pelas palabras dos envolvidos, todos estão cientes, estavam cientes de quais são os problemas da equipe dentro de campo. não obstante, esses problemas se repetem indefinidamente, partida após partida, há meses.
o tenso compromisso desta noite não poderia ser diferente.
ainda no túnel dos vestiários do marakas, adriano imperatore pedia tranquilidade e atenção aos colegas, deu pra ouvir pela tevê, porque se o flamengo não ganhasse o jogo, "eles vão cair matando de todos os lados".
enquanto o técnico andrade, agora que está por um fio no cargo, estava por um fio?, já caiu?, finalmente dava uma arejada no time, escalando um meio-campo (um pouco) mais leve e mais hábil.
o grande ronaldo angelim, fora de forma e vacilante, mas ainda herói, deu uma bela e sincera resenha da primeira etapa do jogo assim que o árbitro apitou intervalo. "nosso time parece que só joga depois de tomar um gol, a vida inteira...", elucidou angelim.
enfim. sexta e última rodada da primeira fase da libertas-2010.
o clube de regatas do flamengo a jogar seu semestre - e sua honra - diante do caracas, o lanterninha do grupo oito. precisando da vitória como nunka antes, precisando de dois ou três gols de diferença. no mínimo. para não depender dos gringos.
andrade alinhou seu onze inicial com bruno zousa no gol, david e angelim na zaga, leo moura pela direita, juan maldonado pela esquerda, maldonado e williams no meio, michael e vinicius pacheco mais à frente, adriano imperador e vagner love no ataque.
era momento de empenho & serenidade. mas o mengo se lançou ao ataque nos minutos iniciais de maneira tão tosca & desordenada que não restou aos venezuelanos mais nada além do que abrir o placar. a proposta dos visitantes era clara desde o pontapé inicial: todo mundo lá atrás, correndo e fechando e, quando puder, espichar um contra-ataque com o castellín na frente. foi batata o que rolou. num veloz contra, williams deu uma pancada num moço em pleno campo de ataque. amarelo pro williams, bola cruzada e escanteio. salseiro na defesa, alguém triscou no primeiro pau, a pelota atravessou toda a pequena área e castellín tocou pro barbante.
então aconteceu o seguinte... o desespero do flamengo, pela única vez em toda a jornada, ganhou objetividade e foco. em dois minutos, dois ataques sucessivos, dois gols. o primeiro, cruzamento pra angelim de cabeça. o segundo, passe exacto de adriano para michael.
quando tu imaginavas que era tudo uma questão de manter um pouco de pressão, manter a bola sob nosso controle, deixar o gás saindo de fininho dos pulmões a cada maneirada de velocidade, deixar a mente quieta, deixar o espírito alerta para então podermos exercer nossa superioridade futebolistika em sua plenitude, e assim meter mais e mais gols... bueno, nesse momento decisivo da peleja, nosso time parou. o caracas se fechou de novo, o elán rubro-negro se perdeu. voltamos à monotonia.
assim prosseguimos pela segunda etapa. mesmo bem cientes de que 2 x 1 era pouco. era preciso 3 x 1 pelo menos. 4 x 1 se possível. mas, antes disso, antes de qualquer cousa, o caracas fez mais um. jogada em cima de leo moura e david. jesus gomez bonito.
vinte e dois do segundo tempo. quando o gol venezuelano esfriou o marakas, petkovic já estava à beira de campo esperando para entrar. ele entrou no lugar do pacheco. ainda entrariam fierro e kleberson. de matar. depender de fierro e kleberson entrando aos trinta e poucos, quarenta minutos, é de matar...
já não havia mais esquema tactico, posicionamentos, planejamento, nadja disso. o rubro-negro era puro nervo exposto. pura agonia. e o infernal jesus gomez a atarantar nossa defesa a cada caída pela canhota... adriano, moura e pets se revezavam em perder gols. mas, se os bacanas não acertavam o pé, o garoto david, repetindo seu parceiro angelim, como no final do ano passado, foi o cara que, numa subida ao ataque, fez o terceiro gol.
uma sobrevida para o flamengo, pelo menos, até amanhã de noite.
"agora dependemos de os outros conseguirem o que dentro de campo não conseguimos", disse pets. acertou uma enfim.