ronaldito finge que vai pra lá, mas fica no lugar. engana a marcação. como nos velhos tempos. o herói gorducho dá um passito à frente e a pelota vai caindo em sua direcção. sozinho na risca da pequena área, ele está em posição legal. ronaldito prepara o corpo mas a bola, marota, bate-lhe na canela, escapa da zona de perigo. como se o centroavante hoje fosse zagueiro.
pouco depois, não muito, pouco después, juan maldonado invade a área corinthiana e recebe um safanão de passagem. penalty. adriano imperatore, mesmo longe de ostentar um perfil majestádico, ajeita a garota na marca da cal e bate de canhota, forte, no canto exacto. não comemora. imperatore deu para não comemorar mais os gols que faz.
esses dois lances, separados por um par de minutos, decidiram aquele que a mídia desportiva nacional desfraldou como o "jogo do ano".
um jogo do ano que, a rigor, foi um meio-jogo do ano. seu primeiro tempo perdido em poças de água. a baita tempestade sobre o marakas, que inundou o gramado e afastou parte do público, embargou toda a primeira etapa. futebol ali não se viu. mas a chuva serenou, a água baixou e até houve boas jogadas na etapa complementar. duas ou três.
rogério (lourenço) estreava como diretor técnico do clube de regatas do flamengo justinho em compromisso de elevada importância. primeiro jogo das oitavas da libertas-2010. contra o poderoso corinthians paulista, melhor colocado na primeira fase do certame. (agora convém especificar corinthians paulista porque está rolando corinthians alagoano, corinthians paranaense, etc.)
rogério mandou a campo um flamengo algo modificado, não muito, do modelito andrade... bruno zousa ao gol, david e angelim na zaga, rômulo ali por perto, leonardo moura pela direita, juan maldonado pela esquerda, maldonado e williams e michael no meio, adriano imperador e vagner love à frente.
o primeiro tempo se limitou a correria e chutões. quem queria dar passe bonito, com o lado de dentro do pé, via a pelota morrer ali adiante. perigo para as defesas. ninguém muito disposto a brincar. ah. roberto carlos, esse sim, se divertia, já que se jogar na grama, correr feito tonto e chutar a bola o mais forte possível são três elementos fundamentais de seu estilo. da parte do flamengo, o juan maldonado foi quem demorou mais tempo para entender o troço. como se ele nunka tivesse jogado num charco antes. juan é assim desligado. quis criar briga com dentinho logo no primeiro minuto, levou foi um pagadão do árbitro amarilla. mas juan até que entraria em sintonia mais tarde. o michael, não.
perceba que era uma disputa viril, aquele polo acquatico levantava um caldo danado. mas tudo isso na bola. sem apelação. o michael não entendeu a etika daquilo ali. deu duas porradas fortes. na primeira, amarelo. na segunda, vermelho. e lá ficamos nós mais uma vez, na libertas, com um a menos em campo.
de modo que, quando futebol houve, no segundo tempo, nosso time já estava sem seu único armador. um problema para rogério, por herdar de andrade essa bobagem que é apostar no michael. um atleta que mal pegava banco no botafogo cai-não-cai do kampeonato brazileiro, no semestre passado, não pode - com todo respeito - ser titular do flamengo. simples assim.
sobrou, como de hábito, para vagner love. a se desdobrar como meia, armador, ponta e centroavante. enquanto adriano, se não esteve no ápice da desenvoltura, ao menos mantinha entretida a dupla de zaga corinthiana. e williams fica lá, tentando dar uma de meia, mas não rola. a melhor oportunidade foi uma cobrança de falta, meio no acaso, que adriano tentou cabecear, não deu, e a pelota estourou no travessão. oh. e isso que a bola ainda bateria lá uma segunda vez, aí então numa cabeçada de adriano, que o arqueiro júlio sérgio rebateu... e foi por pouco. entre um e outro desses lances, a pixotada de ronaldito e o nosso gol.
mano menezes é todo bronquinha, já notou? tem estampa de sargentão. mas, na hora agá, cadê culhão para tirar o ronaldito do time? mano menezes meteu jorge henrique no lugar do danilo, no que fez bem, mas teve que botar iarley no lugar do menino dentinho antes de criar coragem e tirar o fofo do time. paciência.
rogério também poderia muito bem ter tirado adriano, quando fizemos 1 x 0, e mantido loverman para cuidar de contra-ataques ao lado do recém-entrado vinicius pacheco. teria feito mais sentido do que manter adriano pesadão lá looonge quando o time se virava para segurar os gambás cá atrás. paciência again. mas ainda podemos ter a desculpa de dizer que rogério está chegando agora e vai, aos poucos, mostrar como se faz. esperanza.
difícil analisar técnica & tática desse seu time por três dias de trabalho & aqueles quarenta e cinco minutos. a chuva deu uma parada no final, mas o campo ainda estava encharcado e todo mundo ficou um tanto exaurido depois da insana primeira etapa. ainda mais com um caboclo a menos... o importante é que a cambada, ao menos, se prestou a correr e jogar bola.
agora vai ser rabo de foguete segurar a gambazada no pacaembu. centenário do timão, bando de louco, coisa e tal. pressão danada.
se fosse fácil, a taça libertadores da amerika não teria esse nome.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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