domingo, 21 de março de 2010

botafogo 2 x 2 mengão (a chronicle)

golzinho daqueles bem mijados. quarenta e nove do segundo tempo. nada a festejar.
uma vergonha o clube de regatas do flamengo exibir-se de maneira tão abestalhada em fins de março, quase abril. quando o time deveria estar ganhando corpo e personalidade, eis que estamos piorando nosso desempenho colectivo. estamos decaindo.
e, vale lembrar, para todos os efeitos, este flamengo atual tem prazo de validade logo aqui adiante. expira em maio, em junho, na época da copa do mundo. después, na hora de ver quem tem mais garrafa vazia pra vender, como diria o poeta juarez soares, ou seja, na hora do vamos-ver da libertas-2010 e para o grosso do brazileiro-2010, nossa equipe muito provavelmente será outra. contratos acabados, empréstimos encerrados, janelinha europeia aberta para o admirável mundo do desporto profissional. e aí te direi o que será do império do amor e de toda a corte que hoje ocupa a gávea e o morro da chatuba como se fossem as floridas alamedas da glória futebolistika. de la eternidad.
bueno. quinta rodada da taça rio-2010, partida marcada para o estadio olimpiko joão havelange. seis mil pagantes para ver uma disputa acirrada, uma pelada animada, um lufa-lufa daqueles.
mas, à parte a emossão própria & natural da peleja, me preocupa muito o flamengo.
porque o botafogo mesmo, a se ver, evoluiu tremendamente desde aquele karnaval patetiko de tão pouco tempo atrás. ganhou reforzos, ganhou moral com papai joel. e o flamengo, mais uma vez escalado de maneira enviesada por andrade, parece regredir. sabe como?...
bueno. o flamengo foi a campo na aridez do engenhones com bruno zousa para o gol, álvaro e fabrício na zaga, e uma dupla de novos laterais, everton silva e rodrigo alvim, mais torozinho e williams e kleberson no meio, petkovic para armar, adriano imperador e vagner love no ataque.
na practica... foi lindo e bem oportuno ver novos jogadores nas laterais. dando um tempo aos já manjados leo moura & juan maldonado. mas andrade, ao mesmo tempo que mexeu nessas posições, sacou vinicius pacheco da armação pelo meio e, assim, mudou três dos cinco jogadores encarregados de chegar ao ataque (williams e kleberson sendo os outros dois). e até onde eu sei, andrade não teve tempo para treinar essa formação. jogou na noite de quarta em santiago, chegou ao rio na quinta. se arrumou o time, foi na palavrinha, no treino de sexta ou no rachão de sábado. pouco tempo. e teria sido mais seguro promover a volta de pets, por exemplo, na próxima quarta, contra o tigres do brazil. não?
andrade apostou alto, e o time do joel quase quebrou a banca. o botafogo começou a peleja incendiando nossa defesa. pressão de dez, quinze minutos. até o árbitro dar uns metros de bônus pra cachorrada e transformar em penalty o que foi uma falta (perigosa) de everton silva na entrada da área - e justinho em cima do plasta do lucio flávio. esse gol e o segundo gol do botafogo, na etapa posterior, em mais um cruzamento safado pela nossa esquerda para herrera, livre entre os dois beques, bem no meio da área, depois de um erro na saída de bola, mostraram que até podemos mudar os atores, mas o enredo de nossa tragédia continua o mesmo. por isso o time não evoluiu.
o agravante é que a saída de bola, vide o segundo gol deles, se mostrou ainda mais dificultosa, permitindo ao botafogo alugar o meio-campo e se lanzar à pressão sempre que quis. ceder espaço ao rival, a qualquer rival, dessa maneira, foi um retrocesso. toró e williams se penduraram em amarelos e só seguiram até o apito final em boa parte por conta da arbitragem molóide.
e note que kleberson, um dos sobreviventes no setor de transição de bola, mais uma vez teve desempenho muito fraco. as grandes chances de área do fla (inclusive o primeiro gol) foram nas poucas e fortuitas vezes que ele subiu até a ponta direita e meteu a pelota para dentro. e pets, de boa, mais uma vez esteve andando em campo. não é questão de corpo mole. uma vez até teve que vir cobrir alvim no flanco esquerdo. mas, fora piques como esse, pets só jogou quando a bola chegou a seus pés. ou quando foi bater falta e escanteio. pouco, muito pouco. quanto a isso, andrade inverteu os papéis e continuou com a lenga-lenga. em desvantagem no placar, tirou o pets para botar o pacheco. teria feito o oposto se pacheco tivesse saído jogando. e quando finalmente tirou kleberson, meteu o ciscador do ramon. tu podes me dizer que, só por não ter colocado fierro, já foi uma melhora. terei que concordar.
e o adriano, putis, eis uma figura rara. pesado. lento. vagaroso. entrando em impedimento de cinco em cinco minutos. mesmo assim, nosso bravo imperatore conseguiu meter os dois gols do time. puro instinto de artilheiro. que pena que ele joga contra essa sua vocação... e nisso, deixa vagner love a praticar o ato solitário, frequentemente tropezando na pelota ao ser acossado por dois, três marcadores. loverman quase fez um lindo gol, de voleio. bateu na trave. mas seria mero acaso, como a bola de lucio flávio na trave de bruno zousa. até nisso empatamos.
por fim, apenas te digo que me incomoda ter feito o gol chorado & salvador depois de meia hora de pressa e pressão. meia hora, a última meia hora de jogo, quando a partida virou um colectivo de ataque contra defesa. valeu a entrega, a raça, a superação, etc.
mas, nesse exacto momento, o mengão teve que dar as costas para tudo o que faz esse seu time atual ser superior ao botafogo e a tantos outros por aí - o toque de bola preciso, a movimentação no ataque, a cadência de jogo, os contra-ataques audazes, a habilidade individual de seus camaradas - para se tornar um time como outro qualquer. um time como o botafogo. por isso o empate foi justinho. foi perfeito e correcto. por isso o gosto de ter sido tão pouco.