te falar um troço aqui, meu camaradinha, hoje é dia vinte e cinco de
janeiro. e a torcida do flamengo já está cansada desse time. cansada de
ver o que funziona e o que não funziona, cansada de saber o que funziona
e o que não funziona. há meses todos os envolvidos já sabemos quais os
problemas deste time. há meses.
e nada muda.
o ataque continua
inoperante. incapaz de dar mais de três ou quatro arremates a gol contra
o real potosí na primeira etapa. incapaz de dar mais do que um - um
único - arremate a gol contra o real potosí em toda a segunda etapa.
o
time continua encralakado, sem criatividade e sem poder de reacção,
refém daqueles mesmos tipinhos de sempre: williams, aírton, pelé,
deivid. refém de uma bola parada do gaúcho, refém de um passe mágico do
gaúcho. um passe que há quanto tempo mesmo não acontece mais, hein?
a
defesa, ah, a defesa... nossa defesa continua levando gol de cabeça em
qualquer bola alçada lá de longe, em qualquer bola alçada desde lá quase
do meio de campo. levamos gol exactinho assim no primeiro tempo.
levamos gol quase assim no segundo tempo. levamos dois gols - manjados -
esta noite contra o real potosí - um time que não tinha mesmo outras
armas além dessas - além de alçar uma bola alta na nossa área - um time
que sequer precisou de ter outra arma além dessa para nos vencer. para
nos vencer de virada. que agora sequer um empate conseguimos
segurar.
o clube de regatas do flamengo hoje esteve em potosí para o jogo
que era a flor de nossa obsessão desde o final do ano passado. o jogo da
montanha. valendo vaga à libertadores-2012. cumprimos até dez dias de
pré-temporada em sucre por conta do sensacional projecto libertas. nunca antes na
história desse clube, etc.
o flamengo esta noite formou em potosí
com felipe para o gol; wellington e david braz na zaga, leonardo moura
pela direita, junior cesar pela esquerda; williams e aírton e luiz
antônio e renato pelé no meio; ronaldinho gaúcho e devid para o ataque.
uma
formação para a qual o professor luxemburgo disse ter se inspirado no 4-4-2 das
equipes sul-americanas. bueno, deve ser por isso que ele nunca ganhou
uma libertadores na vida, não é mesmo? ele tentou um arremedo de 4-4-2 com uma linha de meio de
campo que tivesse williams na extrema direita e renato na extrema
esquerda, mais aírton e antonio pelo centro. e blablablá.
uma
pataquada que redundou em mais do mesmo: um time sem transição, sem
chegada ao ataque, sem criatividade, sem armação de jogadas; um time com
alguma marcação, com um tanto de correria; um time sem vibração, sem
superação, sem transbordamento. um time sem alma.
ou seja, aquele
mesmo velho flamengo. com renato sem tocar na bola. com williams sem
acertar passes. com aírton sem sutileza alguma. e com um repertoire bem,
bem pequeno. por isso foi uma grata surpresa quando o leo moura, de repente,
apareceu na ponta, entrou na área potossiana e botou a becaiada
pra dançar - cruzando bonitinho & rasteirinho pra
menino luiz antonio fazer o gol.
moura nunca mais fez mais
nada parecido com isso. luiz antonio bem que ainda tentou prolongar a
magia, mas logo foi vencido pela mesma apatia que consumiu seus colegas.
uma apatia que veio naquele golpe traiçoeiro - um minutinho após o gol -
que foi o empate boliviano. uma falha de williams na marcação. da mesma
maneira que david falharia no segundo gol, já no segundo tempo.
foi
nesse segundo momento que a tal apatia flamenga virou um ostensivo desespero. luxemburgo ligeirinho meteu
bottinelli e meteu negueba. ainda meteu camacho no finalzinho do
jogo, faltando menos de cinco minutos - mas aí já era piada, aí já não era
sério, né?
as alterações do professor não surtiram efeito porque
mexer o time assim, numa mãozada, com a bola rolando e o adversário na
frente, quase nunca dá certo. o desespero não é nosso melhor
conselheiro. e luxemburgo é experiente demais para não saber disso.
não
dá pra levar a sério um caboclo que meta camacho faltando menos de cinco minutos. e daí espere qualquer cousa. não dá pra levar a sério um caboclo que veja o renato pelé noventa minutos em campo sem fazer nada, há meses e meses e meses.
- e, sim, potosí fica a quatro mil metros de altitude - mas e daí?
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
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